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Se não mudarem sua cultura, as empresas ficarão com os piores funcionários

setembro 14, 2015
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Confira a íntegra entrevista de Roni Cunha Bueno à Revista Move.

 

As mudanças bem-sucedidas acontecem, primordialmente, de dentro para fora. Por isso, as companhias precisam de fato desenvolver uma cultura interna inovadora.

 

Caso contrário, perderão seus principais talentos. “Se empresas não mudarem sua cultura, ficarão com os piores funcionários do mercado”, afirma em entrevista ao blog Roni Bueno, fundador da aceleradora de negócios Organica. “Os mais inovadores e disruptivos vão usar seu iPhone como MacGyver usava o canivete suíço e fazer miséria longe da burocracia coorporativa.

 

Graduado em Marketing pela ESPM, Roni Cunha Bueno participou de importantes projetos da internet brasileira. Comandou por cinco anos o departamento de marketing da Netshoes e, ao final de 2012, chegou ao Terra. No portal, liderou projetos como o Planeta Terra Festival e o reposicionamento da empresa. Nessa função, foi indicado como um dos 10 profissionais de mídia de 2013 pelo Grupo M&M (2013).

 

Também recebeu, por duas vezes consecutivas, o Prêmio E-commerce Brasil como melhor diretor de marketing e vendas (2011/2012) e foi eleito “CMO of the year” pela Oracle (2012). Além disso, ganhou o Prêmio Caboré, organizado pelo Grupo Meio & Mensagem, na categoria Profissional de Marketing do Ano de 2012.

 

Hoje, como sócio-fundador da Organica, tem como clientes empresas e altos executivos em busca de inovação.

 

Na época em que esteve à frente do marketing da Netshoes, quais as principais inovações nessa área que propiciaram o reposicionamento estratégico da marca e o aumento das conversões no e-commerce?

Muitas pessoas creditam a forças táticas, como uma campanha, uma parceria, um volume de investimento. Na real, o que fez a diferença foi um modelo de gestão diferenciada que deu velocidade de inovação, criando um distanciamento estratégico dos demais players, o que permitiu crescer receita com rentabilidade.

 

Esse modelo de gestão foi pautado em:

1 – Manter o espírito inconformado, colocando uma gestão desafiadora a todas as pessoas e modelos, em que o formato campeão, seja ele qual for, é sempre (sempre!) questionado pelo modelo desafiador. Teste, ajuste, teste, ajuste, teste, ajuste, até ter provas reais de que o novo modelo/canal/comunicação seja melhor. Então, mude. Faça sem medo.

2 – Estar aberto ao novo. Tecnicamente, o mercado se transformou muito de nos últimos anos. Por meio de uma busca incessante e abertura às novas práticas, testamos tudo. Éramos os primeiros a errar e conhecer qualquer inovação técnica do marketing global e descobrir como, e se faz sentido em nosso negócio.

3 – Gestão horizontal das pessoas. É impossível fazer isso sozinho. Minha equipe foi sempre minha maior fonte. Quando digo minha equipe, me refiro a agências, pessoas do marketing, T.I., fornecedores que nos atendiam. Um líder atento, com uma gestão próxima a todos que lhe apoiam, possibilitou captar inovações que nunca chegariam ao líder em uma gestão tradicional hierarquizada.

4 – Nunca esqueça aonde quer chegar. Todos querem fazer coisas legais, seja uma campanha genial, seja uma nova ferramenta de push. Ter clareza de onde quer chegar e ver isso refletido em um modelo racional de hierarquizar todas as inúmeras iniciativas inovadoras foram a chave para que implementássemos, antes, o que era mais importante para chegar ao objetivo.

5 – Marketing é um organismo vivo. Mudamos o modelo tradicional de gestão fabril, linear, de uma área de marketing e um modelo orgânico vivo. Saímos the flyts planejados para uma gestão diária de todas as iniciativas, pivotanto e tomando decisões importantes todas as semanas.

6 – Usuário no centro. Quando a tecnologia nos permitiu, enfiamos o pé no acelerador do CRM. Colocamos o usuário no centro. Ao invés de ofertar o que a área comercial comprou, vendíamos o que o usuário queria. Esse movimento disruptivo alavancou e diferenciou nosso relacionamento e vendas, além de diversificar o que vendíamos.

 

Qual a campanha publicitária mais marcante da Netshoes em sua opinião?

Cada uma teve sua importância e foi marcante. A primeira, na qual funcionários da empresa faziam esporte para entregar rapidamente seu pedido, entregava o diferencial da empresa, que era diferente dos demais concorrentes. Naquele momento, não havia uma empresa de e-commerce com foco em serviço, mas sim varejos digitalizados.

 

A segunda foi muito marcante, pois estávamos dando um passo grande na mídia em um momento que assumíamos a liderança do e-commerce da América Latina, com uma variedade de produtos nunca antes visto em uma loja de esportes. Colocamos um áudio iconográfico BORN TO BE WILD, com imagens quentes e lettering contando todas nossas grandes conquistas e paixões.

 

A terceira campanha foi em 2012. Ela posicionou a empresa no mercado e diferenciou os dois modelos, até então vigentes, de compra – o do mundo físico e do mundo virtual.  Nela, apresentávamos os empecilhos da compra no ambiente físico tradicional e as vantagens da compra virtual.

 

Conte-nos sobre o período em que esteve no Terra.  Que inovações foi possível realizar na empresa?

Aqui é importante ressaltar que mudanças bem-sucedidas acontecem, primordialmente, de dentro para fora. A primeira mudança que busquei fazer no Terra foi na cultura interna da empresa, envolvendo todo quadro de funcionários no processo. Implementei muito do que descrevi na primeira pergunta.

 

É mais ou menos o que a Organica continua fazendo no Terra: desafiar, conquistar e capacitar pessoas para mudanças.

 

Um exemplo bom é o item 6 que já comentei anteriormente (“usuário no centro”). Traduzindo isso para o Terra, foi o projeto novo portal. Além do novo desenho, mudamos o modo como o conteúdo era servido. Antes ditado pelo editorial, agora ditado pelo usuário. Um modelo tecnológico que aprendia com as preferências do usuário e entregava conteúdo relevante automaticamente. Isso fez, em casos como o da editoria de Esportes, crescer o engajamento em 300%. Parece lógico: antes o editorial dava espaço maior para os maiores times, agora seu time tem o maior espaço. Se você é corintiano ou flamenguista, não faz muita diferença.  Agora, se você torce para qualquer outro time, o que são 70% dos casos, faz muita diferença no uso diário.

 

Você é favorável à criação de departamentos de inovação nas empresas?

Depende. Posso começar respondendo que não. O ideal é que não precise, que a empresa tenho em si a cultura da inovação, pois ela pode vir de qualquer lugar e de qualquer pessoa. Costumo dizer que todas as pessoas são inteligentes e criativas, e as soluções podem ser em um processo, em um contrato, em um modelo organizacional, em um projeto, na comunicação. Enfim, em todos os agentes da empresa.

 

Também é possível dizer que sim, se pensarmos no modo como as grandes empresas estão organizadas hoje, pois será uma semente dentro de um ventre infértil. Se bem feito, colaborativo, integrando a empresa à área, pode influenciar e mudar, fazendo a corporação desenvolver uma cultura de inovação.

 

As pessoas dependem cada vez menos das instituições. Então, se empresas não mudarem sua cultura, ficarão com os piores funcionários do mercado. Os mais inovadores e disruptivos vão usar seu iPhone como MacGyver usava o canivete suíço e fazer miséria longe da burocracia coorporativa.

 

Seu projeto atual é a aceleradora Organica, da qual é sócio-fundador. Quais os diferenciais do modelo de negócio da empresa em relação às aceleradoras que têm como foco as startups?

Com relação às aceleradoras de startups, é o foco de atuação. Eles atuam diretamente na semente, nas empresas iniciantes. Nós atuamos com companhias grandes que estão fora da nova economia e desejam entrar. De outro lado, buscamos empresas que já são realidade no novo Mercado e querem apoio na gestão exponencial.

 

Idealizei a Organica quando ainda estava do lado de lá, como diretor que lida com escassez de tempo para administrar todas as demandas necessárias. A Organica quer ajudar o CEO, CCO, CMO C (Level) – e, consequentemente, a empresa como um todo – a ter mais tempo para pensar em inovações. Somos um parceiro fiel do executivo. A proposta da Organica é justamente questionar o modelo atual e lançar um desafio a si mesmo para impulsionar seu negócio na nova economia.

 

Economia que chamo de Economia do Cliente. Os grandes players já enxergaram essa necessidade, mas nem sempre sabem por onde começar. E, para as companhias que já estão na nova economia, o papel da Organica é auxiliar na gestão de crescimento exponencial, no qual o maior risco de sucesso é a própria empresa conseguir captar toda a demanda nova do mercado, crescendo de modo sustentável.

 

Leia direto na fonte: https://revistamove.com.br/se-nao-mudarem-sua-cultura-rumo-a-inovacao-as-empresas-ficarao-com-os-piores-funcionarios-afirma-roni-bueno-fundador-da-aceleradora-organica/

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