O trabalho é um dos fatores primordiais para que as pessoas se sintam úteis e colaborativas. É através dele que se obtém o sustento financeiro e, muitas vezes também, o emocional. Além disso, é no trabalho que se vislumbra a possibilidade de conquistar o reconhecimento externo, como se isso representasse e afirmasse para o mundo o seu valor e diferencial como pessoa. Mas qual será o motivo de tantas pessoas encontrarem dificuldade na relação com o trabalho? Será que você já pensou sobre o seu verdadeiro valor e se o seu emprego realmente está lhe proporcionando se expressar com autenticidade?
Essa resposta pode ser a cura para toxicidade empresarial.
Cada profissional desenvolve sua forma específica de se apresentar no âmbito corporativo, quase que uma persona particular, na qual, atrás dela, existe uma alta cobrança em relação à sua entrega e adaptação ao meio. O que isso significa? Que a maior parte das pessoas tenta ser o que o meio exige, acreditando ser a única forma de conquistar admiração e se sentir valorizada.
Pesquisas mostram que, em diversos países, é evidente nas empresas o aumento de estresse ocupacional nos últimos anos. A busca por melhor desempenho e os desafios cada vez maiores são apenas alguns dos pontos que definem comportamento e habilidades que precisam ser trabalhados.
Segundo Cecília Whitaker Bergamini e Rafael Tassinari, no livro Psicologia do Comportamento Organizacional, as pessoas que menos sofrem nesse processo são as que têm maior amadurecimento emocional e possuem predisposição para se aceitarem.
Todos os desafios, pressões, medos e dificuldades no local de trabalho, somados à necessidade de ser e se mostrar cada vez mais eficiente, causam dor e conflitos emocionais, tornando esses lugares nocivos, dificultando a relação entre as pessoas e gerando insegurança. Contudo, a maioria é afetada negativamente, fica desmotivada, perde autoestima e deixa de evoluir. Algumas pessoas criam falsas expectativas e encontram grandes frustrações.
Peter J. Frost, professor de Comportamento Organizacional na Faculdade de Administração da The University of British Columbia, chama nossa atenção para o fato de a dor fazer parte da vida empresarial. Segundo ele, sempre existirão mudanças, chefes que serão muito exigentes, pessoas que perderão seus empregos, mas seus efeitos positivos ou negativos estão diretamente ligados à forma como ela é manipulada pela organização. A falta de atenção aos fatores causadores de ambientes nocivos e conflituosos para indivíduos pode custar muito caro para a empresa, além de causar grande sofrimento. Frost chama essa dor que suga a estima e enfraquece a confiança de “toxicidade empresarial”.
Inevitavelmente, durante nossa carreira, todos vamos nos deparar com algum ou vários fatores conflituosos no trabalho, a diferença entre a frustração e o sucesso é o autoconhecimento. Alguns meses atrás, eu li um artigo do Sérgio Chaia, Coach empresarial, sobre resiliência ser mais importante do que talento, visto todas as intempéries do ambiente organizacional. Eu concordo e acrescento que a resiliência nasce da nossa motivação, por isso é tão importante se conhecer.
Sucesso é estar em um lugar que nos proporcione experiência, ou seja, estar em um ambiente que propulsiona a troca de conhecimento. É onde você contribui com a sua bagagem ao mesmo tempo em que pode ter a maturidade de reconhecer que, mesmo que não saiba algo, está pronto para aprender. Isso nos fortalece, é como uma cura, uma vez que estamos tratando da toxicidade no ambiente como uma doença organizacional.
Segundo a neurociência, quando estamos felizes liberamos mais dopamina e serotonina, substâncias que geram bem-estar e melhoram nossa capacidade de raciocínio, criatividade, aprendizado, tomada de decisão e resolução de problemas, contribuindo ainda para geração de insights e inovação.
Ser o melhor tecnicamente já não é mais o suficiente para atingir resultados e se destacar nas empresas, uma vez que o próprio ambiente favorece o surgimento de uma série de confrontos emocionais e comportamentos conflituosos. Entender e trabalhar para minimizar os fatores geradores de conflito, através de um bom trabalho de cultura, mapeamento dos profissionais e assegurar que as pessoas estejam nas posições mais adequadas ao perfil delas, ou seja, construir times de alta performance tem se tornado a melhor forma de competir.
Do outro lado, obter uma boa compreensão de si mesmo e buscar um local alinhado com seus valores vai proporcionar experiências positivas certamente o fará um profissional resiliente frente às dificuldades e permitirá produzir mais com menor interferência. Por isso, sucesso é estar no lugar certo.
Artigo publicado originalmente na ABRH BRASIL.