No último post discutimos sobre a importância de manter em foco as mudanças e exigências do consumidor em seus relacionamentos, modos de consumo e visão de mundo. Entender essa importância é fundamental para compreender a nova base de consumo (que já é realidade) avassaladora dos nativos digitais.
Já dissemos que o processo de transformação digital não é algo natural, é uma saída para quem ficou para trás. O novo consumidor já é 100% digital, conhece a rotina com as ferramentas que a tecnologia oferece e organiza sua realidade pautada nesse novo processo.
Não à toa, um relatório da Fast Company mostra o poder da Geração Z no consumo mundial, afirmando que até 2020 (1 ano e 2 meses mais ou menos) esses jovens irão representar 40% dos consumidores.
Logo, é imprescindível se planejar para preencher as novas lacunas que o comportamento dessa massa desenha, é um cálculo simples de volume, sem renovação o público fiel irá diminuir (afinal, ainda somos vulneráveis mortais) e o negócio irá chegar ao fim.
Primeiro passo feito, entender os novos movimentos do consumidor e seu relacionamento com o mundo à sua volta. Agora, a mudança precisa ser institucionalizada dentro da cultura do negócio, ou seja, repensar o modelo de negócio com o propósito de centralizar o cliente e não o serviço ou produto.
Este passo inclui a necessidade de mudança e ruptura com processos e burocracias engessadas dentro do ambiente de trabalho. É uma jornada que precisa ser contínua e envolve diversas dificuldades, claro, é um ponto que precisa de total atenção para iniciar o modelo digital.
O modelo de negócio não é uma escritura sagrada, é temporário e precisa estar à mercê do público e suas volatilidades, em constante adaptação.
Não estamos no momento de um consumo altamente padronizado, mas numa era de consumo que cada vez mais exige personalização. As pessoas sabem do seu poder e exigem um tratamento diferenciado e possibilidades abertas, cada vez de forma mais imediata.
A segunda parte desse transição envolve o público interno; liderança, equipes e colaboradores do negócio, afinal, como instituir uma nova cultura se ela não for praticada dentro do dia a dia?
Não é segredo que as principais decisões estratégicas são tomadas pelo board diretivo, o relatório “Effective leadership in the digital age” da Econsultancy, ilustrou que a responsabilidade pelos projetos digitais precisa ser iniciada pelos executivos chave das empresas de acordo com 70% dos entrevistados.
A integração de times e informações dentro do dia a dia é um ponto fundamental para a abertura de novas ideias e possibilidades.
A otimização e automação de processos de trabalho auxilia cada colaborador a focar no campo estratégico de sua função, evitando perder tempo com mecânicas ultrapassadas (Por que contratar alguém para contar e classificar 10.000 comentários por dia quando um software como o BrandWatch pode fazer isso e gerar um relatório para análise humana?)
Transformação digital é sobre cultura, processos e tecnologia, mas, dependente de organização. Atravessar esse processo junto com sua equipe é algo que vai ajudar imensamente a implementação e conquista de objetivos, de nada adianta uma estratégia muito bem alinhada quando a cultura da inovação não é trabalhada em todos os níveis de colaboração. Valorize o aprendizado e a produção da equipe.
Martin Spier, Performance Architect, da Netflix, ilustrou o funcionamento da gestão das equipes dentro da empresa
“Colocamos pessoas antes dos processos, o nosso modelo de negócio está sempre em constante mudança, entendemos cada um pelo que entregam e não pela posição que ocupam. A Netflix se move rápido e, com essa cultura, você consegue gerar mais ideias por ter mais pessoas tendo idéias.”
A diversidade também é ponto fundamental para a variabilidade de experiências e pensamentos, ou seja, abra seus horizontes para novas ideias sem se importar de onde elas vêm ou de quem elas vêm.
Quanto mais pessoas diferentes, experiências variadas e processos de raciocínio diversos contribuem para uma amplitude de novas ideias. Inovação se faz assim, ouvindo e construindo em conjunto.
Pessoas. Esse é o pilar fundamental para este processo. O consumidor é o centro da estratégia, mas, de nada adianta se todos envolvidos dentro do negócio não possuírem e executarem essa mudança.
O grande desafio da nova gestão é transformar uma mentalidade em um hábito, algo que saia do discurso e seja implementado no dia a dia.
Trazendo mudanças que valorizem os colaboradores como pessoas e peças importantes da empresa, incentivando a abertura de ideias e possibilitando que cada um consiga exercer sua função intelectual/estratégica.
A principal commodity da Nova Economia não é a tecnologia, muito menos as matérias primas que estamos acostumados, é o cérebro humano.
Renato Mendes é sócio da Organica, professor de Marketing Digital do Insper, mentor Scale Up da Endeavor Brasil e colunista da Revista Época Negócios. Tem mais de 16 anos de experiência, sendo quase cinco como executivo da Netshoes onde ocupou o cargo de Head of Marketing & Communications for Latin America.
Excelente texto.
Após ler, mandei email aos meus sócios para lerem e refletirem sobre.
Eu já tenho alguns anos de negócio e o meu propósito sempre foi ter o cliente no centro, o que por um lado foi ótimo, pois construí uma carteira fiel, que me escuta e respeita, mas por outro lado eu transformei o meu nome como sócio maior que a própria empresa.
Finalizando, sou 100% de ter o cliente no centro e sempre me pergunto se isso é algo genuíno ou pode ser produtizado/ensinado, pois noto que quem não tem esse desejo, por mais que se fale, se treine, se faça de tudo, a pessoa não muda comportamento, o mindset segue sendo o cliente como “inimigo do estado”.
Parabéns pelo conteúdo!
abraços